ISKCON e o Ideal Universal do Amor a Deus



Em uma época marcada por divisões religiosas, conflitos dogmáticos e sectarismo institucionalizado, as palavras de Śrīla Prabhupāda — fundador da Sociedade Internacional para a Consciência de Krishna (ISKCON) — permanecem como um sopro de clareza e unidade espiritual. Em uma carta escrita em 1968 ao Governador-Geral do Canadá, Prabhupāda delineou com precisão o verdadeiro propósito de sua missão, desmistificando quaisquer ideias de exclusivismo ou conversão sectária.

Uma Declaração de Princípios

"A ISKCON é uma organização sem fins lucrativos, cujo propósito é promover o bem-estar da sociedade humana atraindo sua atenção para Deus.
Somos uma sociedade não sectária, e nossos membros incluem pessoas das fés cristã, judaica, muçulmana, bem como hindu.
O objetivo da ISKCON não é fundar uma nova seita religiosa, mas sim despertar o amor adormecido de Deus na entidade viva, e assim oferecer à sociedade humana de todas as fés uma plataforma comum de conhecimento e prática teístas claros.
Os membros da ISKCON podem manter suas respectivas fés religiosas, já que a ISKCON se destina a estabelecer uma formulação clara e prática do ideal comum de todos os teístas, e a derrotar as desnecessárias disputas dogmáticas que hoje dividem e invalidam o campo teísta.
Esse ideal comum do teísmo é desenvolver o amor por Deus."
Carta ao Governador-Geral do Canadá, 1968

Análise e Relevância

Essa citação revela uma faceta essencial da ISKCON muitas vezes ignorada: sua missão universal. Prabhupāda não estava interessado em converter pessoas a uma nova fé, mas sim em despertar a consciência de Deus — algo que transcende rótulos religiosos.

Ao afirmar que os membros da ISKCON podem manter suas fés originais, ele destaca o caráter inclusivo da consciência de Krishna. A meta é a essência espiritual compartilhada por todas as tradições teístas: o amor puro a Deus. Práticas devocionais como o canto do maha-mantra e o estudo dos śāstras são apresentados como ferramentas para realizar essa essência, não como substituições culturais ou religiosas.

Essa visão é especialmente relevante em tempos de polarização religiosa. Ela nos convida a enxergar além das formas externas e buscar o núcleo unificador do verdadeiro espiritualismo: a devoção sincera, o serviço desinteressado e a lembrança constante de Deus.

Conclusão

A ISKCON, segundo as palavras de seu próprio fundador, é um movimento para reviver a espiritualidade genuína na sociedade humana — não por meio de conversões ou imposições, mas por meio da educação, da prática e do amor.

Mais do que uma organização, a ISKCON é uma proposta: que os filhos de Deus, independentemente de sua tradição de origem, se unam em uma plataforma comum de amor divino. Essa é, afinal, a única base real para a paz duradoura e a harmonia entre os povos.


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