Sobre "Vedanta 108" Primeira Parte





Este texto é uma resposta para a seguintes afirmações de Fabrício Almeida referentes ao tema “A PERDA DA TRADIÇÃO VÉDICA.” Por Kalki dasa


Como podemos notar é moda na ISKCON atual promover supostos devotos que terminam sendo uma pedra no caminho de varias pessoas inocentes. Neste caso apresentamos o seguinte ensaio como uma tentativa de esclarecer aos leitores sobre os princípios do movimento da Consciência de Krishna em contradição aos falsos argumentos levantados por Fabrício Almeida. Porém antes de começar a primeira pergunta que surge é, quem é esta pessoa chamada Fabrício Almeida? Fabrício Almeida(Jagadisha dasa) é discípulo de Purushatraya Swami, guru eleito pelo GBC de ISKCON. Como é sabido Purushatraya Swami ocupa ilicitamente a posição de guru na ISKCON devido ao fato que Srila Prabhupada não autorizou a Purushatraya Swami nem a nenhuma pessoa eleita pelo GBC a ocuparem o lugar de mestres espirituais iniciadores na sociedade internacional para a consciência de Krishna (ISKCON).

É bom mencionar a procedência devido a que por estos simples fatos alguém pode entender melhor onde esta o verdadeiro problema que muitas pessoas se deparam quando se juntam ao movimento Hare Krishna. Como motivo de pesquisa podemos dizer num sentido que Fabrício Almeida é também estudante ou discípulo de Gloria Arieira do Centro de Estudos Vidya Mandir no Rio de Janeiro. Como referencia podemos dizer que O Centro de Estudos Vidya Mandir tem uma metodologia de estudo e entendimento dos Vedas proveniente das escolas sankaristas (seguidores de Sankara Acarya) e a abordagem sobre os Vedas(escrituras sagradas) é diferente de outras escolas de pensamento da Índia em especial da Brahma Madhva Gaudya Sampradaya da qual ISKCON faz parte com seu mestre espiritual Acarya A.C. Bhaktivedanta Swami Prabhupada. Estamos dando este breve histórico do autor para nós poder entender um pouco mais de onde surgem as diferenças e ideias de nosso amigo Fabrício Almeida.



Então se nós misturamos diferentes filosofias e não entendemos seus propósitos e significados podemos chegar a criar conceitos e ideias que podem ser verdade desde nosso ponto de vista intelectual, porém que na maioria da vezes terminam sendo um impedimento para entender e alcançar a meta máxima da vida, devemos lembrar as palavras de Sri Krishna no Bhagavad Gita que diz que a cada qual sem importar sua posição neste mundo material recompensa por meio de grau de rendição (a Bhagavan Krishna) que o praticante tem. (Bg4.11)

Como tal iremos colocar as frases de Fabricio Alemida em vermelho e nossos respectivos comentários em negro para cada ideia. Glorias a nosso mestre espiritual, Srila Prabhupada.

“É comum ouvirmos das pessoas que dos Vedas podem se extrair muitos entendimentos diferentes. Isso ocorre por vários motivos que podem ser resumidos em apenas uma raiz: a ausência de uma tradição de ENSINAMENTO e sua devida metodologia que faça não apenas ter um input de conceitos e práticas disconexas, mas sim fazer uma "viagem no tempo", compreendendo a história e cultura da civilização védica.

(Leia esse texto “A falência da Sucessão Discipular” para compreender sobre o método de aprendizado”: https://www.facebook.com/groups/estudosvedicos/permalink/960686307382756/) Fabrício Almeida


Nota: Aqui a ideia que dos Vedas podem ser extraídos diferentes entendimentos não é motivo de não ter uma tradição de ensinamento visto que os Vedas são auto-manifestos e emanam da Suprema Personalidade de Deus e como tal são auto evidentes, a existência de diferentes significados extraídos em todo caso é feito por pensadores que no concordam com o proposito e meta dos Vedas. Para alguém entender os Vedas deve aceitar ou concordar no significado dado pelo próprio autor dos Vedas. Negar ou interpretar os Vedas criam como vemos diferenças de entendimento que provocam como resultado que o conhecimento claro e autoevidente dos Vedas se perca. Ao ficar perdido o único meio de entendimento dos Vedas é por meio de uma pessoa que entenda os Vedas directamente através da sucessão ininterrupta de mestres santos(parampara) da qual ainda esta em vigência por seus predecessores santos até chegar a Srila Prabhupada. Note que o que ainda continua como parte do ensino Vedico é autoridade da mensagem transmitida pelo representante da autoridade Vedica. Neste caso a autoridade no assunto vedico é Bhagavan Krishna e seu representante Srila Prabhupada (o mestre espiritual) está transmitindo o mesmo sistema de ensino e entendimento como efetuado no passado. Portanto o significado original continua existindo sem existir nenhuma necessidade de criar um novo significado ou metodologia de ensino.

“Embora exista outra evidencia, a evidencia dada na versão Védica deve ser tomada como principal. Versões Védicas entendidas diretamente são evidencia de primeira classe.” Madhya 6.133-135


“As afirmações Védicas são autoevidentes. O que quer que seja afirmado deve ser aceito. Se nós interpretamos de acordo a nossa própria imaginação, a autoridade dos Vedas é imediatamente perdida.” Madhya 6.137


“A alma condicionada no mundo material tem a desqualificação de enganar. Ela tem quatro desqualificações: ela é certamente a cometer erros, ela é certamente a ser iludida, ela tem a tendencia a enganar os outros, e seus sentidos são imperfeitos. Porém se alguém carrega a ordem do mestre espiritual pela sucessão discipular, ou o sistema parampara, ela supera os quatro defeitos. Portanto, conhecimento recebido de um mestre espiritual genuíno não é enganação. Qualquer outro conhecimento o qual é manufaturado pela alma condicionada é enganação...” Srila Prabhupada. Srimad Bhagavatam 3.24.12 Significado.


“Mesmo uma boa tradução trará perdas significativas (que dirá uma tradução ruim) se não for acompanhada de um comentário relevante ou uma nota de rodapé verdadeiramente digna. Como estamos tentando entender uma cultura diferente para alcançar o significado dos diferentes termos de seus textos de conhecimento, a razão nos leva a concluir que é preciso mais do que ler algo traduzido ou comentado. E muito mais do que ler no original também, mesmo que você seja um grande sanscritólogo.” Fabrício Almeida

Nota: O autor agora entra no campo das interpretações alegando que uma boa tradução traz perdas significativas, porém toda palavra é carregada de significado e se os Vedas atualmente são escritos isso se deve a que o autor dos Vedas(Vedavyas) compilou o conhecimento Védico com o proposito de que o mesmo não fique perdido em diferentes interpretações e malabarismos de palavras e gramatica. Devemos lembrar que o conhecimento Védico é eterno e que seu meio de aprendizado é de mestre a discípulo pelo método oral. Com a chegada de Kali yuga é preciso ter o mesmo conhecimento protegido, por falta de memoria e entendimento o conhecimento é preservado de forma escrita. Por isso que para seu devido entendimento se faz de suma importância ter um mestre espiritual genuíno que apresente o significado dos Vedas para atingir o proposito dos Vedas. Nós logicamente concordamos com autor no ponto que ser um grande sanscritólogo, ler textos vedicos originais, estudar sanscrito etc, não basta para entender os Vedas.
yasya deve parã bhaktir yathã deve tathã gurau/tasyaite kathinã hy arthãh prakãsante mahãtmanah (Svetásvatara Upanisad, 6.23) :

"Somente àquelas grandes almas que têm fé implícita tanto no Senhor como no mestre espiritual, é que os sentidos do conhecimento védico revelam-se automaticamente. "

"Instrução unicamente não pode fazer de alguém um experto. A menos que alguém seja abençõado pelo mestre espiritual, ou o acarya, semelhantes ensinamentos não podem se tornar plenamente manifestos. Portanto alguém deve procurar a misericórdia do mestre espiritual então essas instruções do mestre espiritual podem se desenvolver dentro de si mesmo." (Ensinamentos do Senhor Caitanya, capitulo 14)

“Praticamente impossível então, se dá a compreensão para aquele que lê uma tradução cuja intenção do tradutor ou comentador é induzir a um tipo de crença ou religião (não importa se com dolo ou culpa). Isso vale para qualquer coisa. Por isso, para descobrir a realidade de algo, deve-se antes, despir-se da necessidade de provar alguma coisa. Deve-se abstrair a necessidade de defender qualquer conclusão pré-concebida e sem sua devida fundamentação. Devem ser removidos os dogmas, as hierarquias, as ofertas de ameaça, etc. para que se aproxime ao máximo da realidade textual.” Fabrício Almeida

Nota: Aqui utilizando o argumento que deve se abandonar qualquer ideia religiosa ou crença o autor propõe estabelecer uma liberdade de imposição ao rejeitar por um lado a ideia de algum tradutor ou intenção do tradutor para que alguém aceite alguma outra ideia que poderia ficar mais próxima da realidade textual. Utilizando este mesmo argumento podemos dizer que o autor dos Vedas (Vyasadeva) ao falar de dharma esta nos levando para uma crença ou religião portanto os Vedas não podem nos levar para a realidade textual induzida pelo seu próprio autor, então qualquer verdade poderia ser contestada e contraditoriamente se estaria impondo algo não próximo da realidade textual como verdade. Este argumento carece de logica visto que em todo texto existe uma realidade textual que nos leva para um vínculo, estabelecer uma relação com dito vinculo e finalmente um proposito, neste caso o Bhagavad Gita 15.15 diz:
vedais ca sarvair aham eva vedyo/vedãnta-krd veda-vid eva cãham

“Através de todos os Vedas, Eu sou o que há de ser conhecido ; na verdade, Eu sou o compilador do Vedãnta, e Eu sou o conhecedor dos Vedas como eles são.”

Então se Fabrício pensa que o autor dos próprios Vedas (Vedavyas) esta dando uma interpretação ou tradução, ou esta induzindo alguém a pensar algo que difere da realidade textual, então podemos dizer que utilizando o mesmo argumento, podemos rejeitar completamente a ideia imposta por Fabrício, que nos Vedas no existe Krishna, nem dharma, nem proposito da religião.

“Ao ler as traduções de Prabhupada, percebi uma enorme tendência à conversão religiosa, versos visivelmente modificados até mesmo por quem não entendia nada de sânscrito, comentários que em muitos momentos saíam do contexto e enredo real do que ele se propôs a explicar. Além de uma repetição incessante de “aceite Krishna, renda-se a Krishna, etc”. Quando comecei a estudar o sânscrito e traduzir a Bhagavad Gita, percebi que o que estava sendo transmitido não era mais uma religião. Na verdade, em seus fundamentos, era muito diferente.” Fabrício Almeida

Nota: O autor tem problemas de entender que nas traduções de Srila Prabhupada o significado é o mesmo que foi dito por Krishna, portanto acusar a Srila Prabhupada de ser tendencioso é falso, também o autor não apresenta nenhuma prova do que diz, porém podemos dizer que Srila Prabhupada diz “aceite Krishna, renda-se a Krishna” porque o Próprio Senhor Krishna pede o mesmo no Bhagavad Gita. Portanto na tradução de Fabrício Almeida podemos encontrar coisas que não estão de acordo com o que Krishna diz, já que ele mesmo admiti que ele percebeu algo mais que se render a Krishna e porque não pode existir um fundamento diferente a se render a outra coisa que não seja Krishna como dito por Srila Prabhupada, essa afirmação é falsa e carece de valor substancial.
sarva-dharmãn parityajya mãm ekam sararam vraja
aham tvãrh sarva-pãpebhyo moksayisyãmi mã sucah

“Abandone todas as variedades de religião e simplesmente se renda a Mim. Eu libertarei você de todas as reações pecaminosas. Não tema.” (Bhagavad Gita 18.66)


“A tradução de Prabhupada transformou a Gita num instrumento de conversão religiosa, com nomes hindus, onde trocava-se Jesus por Krishna e o Pai Nosso pelo mantra Hare Krishna. Uma caricatura hindu do Cristianismo que tanto criticavam, onde havia até a infalibilidade papal da qual seus mestres tinham sido adornados. E questionar e não concordar com esses dogmas o tornaria um “ofensor herege.” Fabricio Almeida

Nota: O Senhor Krishna diz: na mãm duskrtino mũdhãh prapadyante narãdhamãh mãyayãpahrta-jnãnã ãsuram bhãvam ãsritãh

"Os canalhas que são grosseiramente tolos; os mais baixos da humanidade, cujo conhecimento é roubado pela ilusão e que participam da natureza ateísta dos demônios, não se rendem a Mim." (Bhagavad Gita 7.15)

Novamente nosso amigo Fabrício procura estabelecer verdades contidas no Bhagavad Gita produto de sua especulação mental. Logicamente nosso amigo não apresenta nenhuma evidencia.

“Os resultados dessa estratégia podem ser satisfatórios se você tem um objetivo missionário. Se você deseja ajuntar o maior número de pessoas possível em torno de uma causa: levar adiante aqueles preceitos.
Enquanto quantitativa e aparentemente era uma estratégia que funcionava, qualitativamente havia um severo comprometimento dos fundamentos básicos dos textos. E isso teria um preço. Além de uma evasão de devotos, uma longa lista de dogmas que contradiziam o próprio texto utilizado como carona para disseminação dessas crenças. Os frutos dessa perda qualitativa e distanciamento do sentido real são visíveis.

A Gita não tinha sua voz própria. Ela foi apenas veículo de mais uma religião com seus devidos dogmas.” Fabrício Almeida

Nota: Interessante de ver como autor está se esforçando muito para negar a realidade do Bhagavad Gita justificando que o texto traduzido por Srila Prabhupada faz parte de algum pensamento separado. Como se os textos védicos não tivessem nenhuma realidade baseada em lógica e razão.

Na realidade o autor novamente esta confundindo o texto com ideias institucionais criadas por grupos, neste caso nem Srila Prabhupada nem o próprio Bhagavad Gita tem comprometido os fundamentos básicos do texto original, neste caso o fundamento do Bhagavad Gita é se render a Krishna, pensar nele e ser seu devoto. Porém o autor busca negar a verdade contida no Gita e estabelecer falsos argumentos para desviar algum leigo da meta máxima da vida. O Gita tem sua própria voz, não depende de especuladores mundanos para ser verdadeiro e autentico.

“Swami Bhaktivedanta comenta o Gitã a partir desse ponto de vista, e isso é válido. Mais que isso, nesta tradução o leitor ocidental tem a oportunidade única de ver como um devoto de Krishna interpreta seus próprios textos. É a própria tradição exegética védica, merecidamente famosa, em ação. Então, de muitos pontos de vista, este livro é uma adição bem-vinda. Pode servir como um valioso livro didático para o estudante universitário. Permite-nos ouvir um intérprete experimentado explicar um texto que tem um significado religioso profundo.
Nos dá uma compreensão clara e profunda das idéias altamente convincentes e originais da Escola Gaudiya Vaisnava. Por proporcionar o Sânscrito tanto em Devanagari quanto na transliteração, oferece ao especialista em Sânscrito a oportunidade de reinterpretar, ou debater significados especiais em Sânscrito - embora eu ache que haverá pouca discordância sobre a qualidade da erudição em Sânscrito do Swami. E por último, para o não especialista, traz um Inglês legível e uma atitude devocional que não pode deixar de comover o leitor suscetível. E há as pinturas, que, ainda que pareça inacreditável para aqueles que são familiares com a arte religiosa indiana contemporânea, foram feitas por devotos americanos. Swami Bhaktivedanta vem assim beneficiar o acadêmico, o estudante do Vaisnavismo Gaudiya e o número crescente de leitores ocidentais interessados no pensamento clássico védico. Por ter-nos trazido uma nova e viva interpretação de um texto já conhecido de muitos, ele está expandindo nossa com preensão ; e argumentos para compreensão, nesses dias de alienação, não necessitam ser feitos. ”
Professor Edward C. Dimock, Jr. Departamento de Líryruas e Civilização da Asia do Sul Universidade de Chicago

“Recomenda-se que todos honrem o mestre espiritual como estando em pé de igualdade com a Suprema Personalidade de Deus. Saksad daritvena samasta sastrair. Isto é prescrito em todas as escrituras. Acaryam mam vijanyat. Deve-se considerar o acharya como estando no mesmo nível da Suprema Personalidade de Deus. Se apesar de todas essas instruções, alguém considera o mestre espiritual sendo um ser humano comum, ele está condenado. Seus estudos dos Vedas, suas austeridades e penitências na tentativa de obter iluminação são todos inúteis como o banho de um elefante. Um elefante vai ao lago onde se banha completamente, porém, logo que chega à margem, ele apanha a areia do chão e a esparrama por todo o seu corpo. Portanto, não há significado para o banho do elefante.” (Srimad Bhagavatam,7.15.26. Significado)




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