Um Brusco Despertar
PREFÁCIO
UM BRUSCO
DESPERTAR
Quando
comecei a ler as cartas pessoais de Srila Prabhupada aos seus
discípulos, eu estava primeiramente procurando por citações sobre
casamento. Naquela época eu estava desesperado para tentar salvar
meu próprio casamento. Embora este fosse meu principal motivo, eu
também sabia que era meu dever moral tentar salvar minha esposa e
filhos de um possível perigo. Dessa forma, eu comecei minha pesquisa
com as bênçãos do Senhor da moralidade, Sri Caitanya Mahaprabhu.
Já que eu estava me dirigindo ao Seu principal representante, Srila
Prabhupada, para obter orientação e inspiração, eu sabia que o
resultado seria auspicioso, o que quer que fosse. Eu não tinha idéia
de onde a minha pesquisa iria me levar. Eu apenas sabia que algo
estava para explodir, e eu não queria que fosse eu. Eu não estava
especialmente preocupado com a vasta “questão dos gurus” que os
“líderes” da ISKCON (Sociedade Internacional para a Consciência
de Krishna) enfrentam hoje em dia. Principalmente, eu queria salvar
minha própria família, esperando que isso fosse parte do plano do
Senhor.
Anteriormente,
eu havia passado por uma vida de casado um tanto desapontadora. Minha
esposa estava devotando seu coração a outro homem, e assim
naturalmente isso acabava com qualquer chance de termos uma relação
significativa. Vivendo nessa situação um tanto estagnada, eu não
estava inclinado a encarar o fato de que ela era infiel. Aceitando
cegamente o que me disseram ser a missão de meu mestre espiritual e
seus representantes autorizados, eu continuei sendo crédulo e
ingênuo. Esta simplicidade não me proporcionou nem o desejo nem a
oportunidade de sequer imaginar o que se espreitava na mente dos
outros. Como dizem, o marido é sempre o último a saber.
Finalmente,
em junho de 1984, com bastante incentivo do "guru" a quem
ela estava se devotando, alguém chamado Kirtanananda "Swami",
minha esposa decidiu me deixar para se dedicar a ele, embora eu
tivesse dois filhos pequenos com ela. Naquela época, eu sabia muito
pouco sobre Kirtanananda, então eu estava um pouco cauteloso sobre
criticá-lo abertamente por interferir em meu casamento. O fato de
que seus “discípulos” têm mais armas do que cérebros também
me desencorajou de desafiá-lo abertamente. Minha esposa também
sabia muito pouco sobre ele, exceto pela propaganda constantemente
repetida aos crédulos neófitos no campo dele, do tipo “ele é o
discípulo mais antigo de Srila Prabhupada e o primeiro sannyasi”,
ou “ele construiu o Palácio de Prabhupada”. Esse tipo de coisa.
De fato, nenhum de nós realmente sabia algo sobre ele, assim ela
concordou que eu fosse a Los Angeles e fizesse uma pesquisa, e caso
eu encontrasse algo suspeito, eu deixaria ela saber. Ela disse que se
esse fosse o caso, ela iria então se juntar a mim.
Eu
concordei em me juntar a ela no campo de Kirtanananda se a ficha dele
estivesse limpa. Tolamente, eu pensei que ela estava sendo sincera
neste arranjo. Pouco sabia eu que antes que a poeira levantada pelos
meus pneus tivesse caído na estrada, ela já havia sido dada para
satisfazer os desejos carnais de um dos fiéis seguidores de
Kirtanananda, Raghunatha, um homem tão desesperado por sexo que ele
costuma apalpar os seios e coxas das devotas, mesmo que sejam
casadas. Kirtanananda precisa de muitas mulheres para homens leais e
trabalhadores como Raghunatha, e que desejam mais da vida do que mero
trabalho. Uma vez que Kirtanananda podia ver que eu não era um de
seus cegos e fiéis seguidores (“Sulocana, você simplesmente não
é dos meus”), eu naturalmente não tinha nenhuma utilidade para
ele. Mas os seus trabalhadores solteiros e agitados ficariam muito
satisfeitos com alguém como a minha esposa. Afinal, por quanto tempo
poderia um jovem ficar satisfeito apenas com um buraco na parede do
banheiro feminino no templo?
Assim,
quando minha esposa expressou a Kirtanananda o seu desejo de ficar em
New Vrindavan, apesar de minha intenção de partir, ele não hesitou
em dizer a ela: “Tudo bem, deixe ele ir. Eu irei cuidar de você.”
Nem sequer ocorreu a ele que me consultasse, o que seria certamente o
dever de um líder de uma verdadeira comunidade religiosa. Tendo sido
um homossexual a vida toda, e sendo repudiado pelas mulheres – “Bem
rapazes, tragam o incenso. É noite de peixe.”(Kirtanananda pensa
que mulheres cheiram como peixe) – ele dificilmente podia
aconselhar casais sobre obrigações morais, mesmo que ele quisesse.
Porém, apesar de seus sentimentos pessoais, ele precisa de mulheres
para os seus discípulos heterossexuais que eventualmente o deixariam
se ele não fornecesse uma parceira sexual a eles. Assim, sendo uma
cidadã britânica e um tanto culta, pelo menos para os padrões de
New Vrindavan, minha esposa era como um “peixe grande” para ele.
Infelizmente, eu descobri tudo isso tarde demais.
Então
eu fui forçado a fazer uma escolha terrível: “Afunde ou nade.”
Estava fora de questão ignorar tudo e começar vida nova como os
meus pais estavam me incitando. Eu não podia realmente censurá-los.
Estava bastante claro que ou eu estava indo rumo à câmara de gás
para executar Kirtanananda, ou rumo a um colapso se eu perdesse meus
filhos. Em provações similares, muitos de meus irmãos espirituais
haviam procurado um escape ilusório por meio de drogas, sexo,
televisão, violência, e em última análise, suicídio espiritual.
Eu podia ter passado por uma ou todas essas rotas. Eu tinha dinheiro
e estava livre de qualquer obrigação imediata ou dívidas.
Felizmente, todavia, o Senhor tinha um plano diferente para mim.
Neste ponto eu já havia escutado e lido o suficiente sobre
Kirtanananda para saber que eu tinha que me esforçar o melhor
possível para tentar salvar meus filhos de suas garras, embora
estivesse claro que minha esposa estava completamente sob seu
controle. Assim, sofrendo o estresse de ter meus filhos tirados de
mim à força pelos braços fortes de Kirtanananda, e tendo perdido
cerca de dezoito quilos como resultado, eu decidi tomar uma posição,
praticamente sozinho, contra um dos mais ricos e mais corruptos
homens na ISKCON. Isso foi depois de quase cinco anos de letargia
espiritual.
Sabendo
que Kirtanananda havia atacado Srila Prabhupada no final dos anos
sessenta na sua primeira tentativa de usurpar o movimento, eu
imaginei que se eu pudesse obter todas as cartas lidando com esse
incidente, então eu teria algo tangível para mostrar à minha
esposa sobre o verdadeiro caráter do seu novo “protetor”. Tendo
anteriormente indexado livros para a editora da ISKCON, a BBT, eu
retomei aquele serviço com um objetivo em mente: ter acesso às
cartas de Prabhupada. Porém, devido à minha aflição, eu não fui
capaz de esconder minhas verdadeiras intenções. Assim eles se
recusaram a deixar que eu as obtivesse. Esta luta continuou por cerca
de dois meses, quando, pela misericórdia do Senhor, eu encontrei um
devoto que havia anteriormente subornado o departamento dos arquivos
– o que não foi nada barato – por uma coleção completa. Ele
simpatizou com minha estória, tendo também sido apunhalado pelas
costas por um tirano da ISKCON, e me emprestou sua própria coleção.
Pela primeira vez em meses eu senti esperança de recuperar meus
filhos, embora eu soubesse que ainda levaria muito tempo antes que eu
pudesse vê-los a salvo. Logo depois deste avanço eu fiz uma grande
venda de jóias, o que permitiu que eu comprasse meu computador.
Parecia que o Senhor estava definitivamente comigo.
As
cartas continham todos os segredos que eu esperava e ainda mais. Eu
sabia que seria minha tarefa fazer com que a verdade nestas cartas
fosse conhecida por todos. Esse foi o começo de um novo despertar em
meu coração para um serviço que Ele já havia tão
misericordiosamente arranjado para mim desde o começo – um serviço
muito mais pesado do que eu seria capaz de suportar, ou mesmo
considerar, se eu tivesse permanecido no escuro, poço fundo e
desencorajador de uma companhia feminina infiel (não confundir com
uma esposa devotada). Embora a provação fosse dolorosa, era uma
experiência purificadora pela qual eu estava desejando. Eu
profundamente dei-lhe boas-vindas. Então, no dia 11 de outubro de
1984, eu postei uma carta para todos os centros da ISKCON abertamente
declarando guerra contra Kirtanananda e toda a Sociedade se minha
família não fosse entregue de volta a mim intacta. A Sociedade
ignorou-me. Dificilmente recebi alguma reposta. Já que silêncio
automaticamente significa aceitação, eu sabia que minhas acusações
eram corretas e que era apenas uma questão de tempo antes que e
verdade triunfasse. Daquele ponto em diante eu estava condenado a
viver constantemente me escondendo dos adoradores de Kirtanananda,
que teriam me matado em um instante se eles soubessem onde eu havia
estacionado o meu trailer, onde eu escrevia sem parar.
O
PROPÓSITO DESTE LIVRO
Embora
muitos ingredientes sejam os mesmos, este não é um conto ordinário
de uma mulher traindo seu marido com outro homem. Certamente ela
contém sua intriga e duplicidade, mas esta estória vai muito além
do melodrama matrimonial ordinário. As profundas dimensões sobre a
agressão cometida por Kirtanananda contra mim são óbvias. Caso
contrário, ele nunca haveria corrido tal risco por esta mulher, que
nem sequer é uma coletora de fundos. Este era o motivo padrão na
ISKCON, como vocês verão no capítulo sobre exploração sexual de
mulheres. Ao invés disso, este conflito vai fundo na raiz dos
problemas da ISKCON. O destino certamente arranjou que através deste
incidente, a necessária polarização entre estes cultos de
personalidade e a verdadeira missão de Srila Prabhupada aconteça. O
inimigo terá sido positivamente identificado. Meu amor pessoal pelos
meus filhos, que ainda estão cativos nas garras de Kirtanananda, é
assim não mais a única ou mesmo a principal força motivadora por
trás deste livro. Vocês escutarão apenas a minha agonia pessoal
nesta pintura, já que existem centenas, senão milhares de vítimas
como eu. Eu posso agora simpatizar completamente com todas elas. A
injustiça específica cometida contra mim certamente será
retificada no devido tempo, pois eu trabalho incessantemente para
expor a corrupção fundamental sobre o que apenas parece ser o
movimento ISKCON, mas que na verdade representa a traição de nosso
mestre espiritual, Srila Prabhupada.
Quando
eu comecei minha busca através das cartas, descobri algo mais
elevado do que meus problemas matrimoniais e que eu sabia que deveria
compartilhar com todos. Eu descobri que Srila Prabhupada não é um
homem comum. Claro, eu havia lido todos os livros de Prabhupada
várias vezes, como a maioria dos devotos, e eu havia indexado uma
meia dúzia. Eu sabia sem dúvida alguma que Prabhupada havia nos
introduzido a uma cultura espiritual pura em sua totalidade, e eu
apreciei muito isso. Ainda assim, naquela época eu não compreendia
a pessoa Prabhupada. Afinal, eu nunca pude trocar mais do que umas
poucas palavras com ele enquanto ele estava fisicamente presente.
Então,
quando eu comecei a ler as palavras de Srila Prabhupada de uma forma
que eu podia relacionar na prática, eu me senti mais próximo ao seu
modo de vida pessoal. Pela primeira vez, eu realizei que a vasta
inteligência de Srila Prabhupada não era como a de um gênio comum.
Ele certamente tinha a resposta perfeita para tudo o que
perguntassem, mas ao mesmo tempo manifestava uma personalidade tão
magnânima e clemente que não me deixava opção senão me devotar
completamente a ele. Quem mais, senão um santo poderia ser tão
compassivo? Sua direta associação através destas cartas reacendeu
em mim a esperança de que um dia eu também poderia me tornar puro.
Isso tudo foi muito encorajador e permitiu que eu assumisse um desejo
muito além da vingança. Eu podia ver nas cartas de Prabhupada como
um santo de verdade lida com as pessoas de uma forma pessoal no
dia-a-dia. Qualquer um pode escrever um livro sobre Deus e atrair
discípulos, mas de fato, realizar Deus e viver como um santo de
verdade, vinte quatro horas por dia, em uma sociedade
predominantemente irreligiosa como a nossa – agora eu podia
entender quão especial Srila Prabhupada era.
Foi
então que pela primeira vez eu observei seriamente a atual questão
dos “gurus” na ISKCON. Eu podia ver claramente que estes novos
“gurus” não se comparavam a Srila Prabhupada de forma alguma e
que eles apenas externamente posavam como santos. Claro, eu tinha
experiência pessoal de que muitos deles estavam longe de serem
santos. Mas eu não estava fazendo nada a este respeito, já que eu
não compreendia completamente a grandeza pessoal de Srila
Prabhupada. Assim, ficou bastante evidente para mim que a imitação
feita por eles está na verdade criando um engodo que afasta os
devotos para longe de Srila Prabhupada. Ironicamente, isto estava
sendo feito pelas mesmas pessoas que se faziam passar pelos
discípulos mais queridos de Prabhupada. Isto tornou-se um grande
desvio. Quando outros "gurus" posam como fidedignos sem se
fazer passar por Prabhupada ou Krishna, discípulos sinceros não têm
muitos problemas em reconhecê-los pelo que eles de fato são. Porém,
ao imitar Srila Prabhupada, os novos "gurus" da ISKCON,
estes assim chamados representantes oficiais de Prabhupada, estão na
verdade, aos olhos de muitos, rebaixando Prabhupada ao nível de
existência deles, geralmente abominável. Ao realizar isto, eu
fiquei determinado a divulgar as muitas citações que revelam como
um verdadeiro devoto puro pensa e age para que todos tenham a chance
de ver, assim como eu via agora, a diferença entre um santo como
Srila Prabhupada e estes impostores.
Ler
as cartas tornou-se um mistério intrigante para mim. Eu notei
cuidadosamente os pequenos comentários que Prabhupada fazia sobre os
líderes, especialmente o GBC (Corpo Governamental da ISKCON). Por
exemplo, toda a estratégia de Prabhupada mudou drasticamente em
julho de 1970. Ele começou a dar sannyasa (ordem de renunciados
celibatários) livremente aos seus seguidores em vez de encorajá-los
a casar. Ele parou de encorajar os devotos a abrir templos e em vez
disso os encorajou a distribuir livros. E ele começou a escrever
cartas muito pesadas indicando que o caráter de muitos dos seus
discípulos líderes estava muito abaixo da média. Eu inclui estas
cartas no capítulo dois. Elas claramente mostram porque Prabhupada
se desgostou com estes “chefões” da Sociedade e porque no final
ele decidiu deixar o planeta mais cedo.
Algumas
pessoas poderiam precipitadamente concluir que eu fiz isto apenas por
inveja ou para fazer fofoca. Este não é o fato de forma alguma. Por
um lado, eu tinha que descobrir o status verdadeiro destas pessoas
para tentar salvar meus filhos. Eu não queria acusar ninguém
falsamente. Então, era essencial que eu soubesse a verdade sobre
estes “gurus” que reivindicavam soberania absoluta sobre todos,
mesmo ao ponto de achar que eles poderiam sequestrar as esposas e
filhos de seus irmãos espirituais como quisessem. Eu tinha que
saber: Estas pessoas são de fato queridas a Srila Prabhupada e
avançadas espiritualmente? Ou elas apenas receberam altas posições
para mantê-los longe de problemas, e não necessariamente tendo
qualquer direito – o que dizer de monopólio – sobre avanço
espiritual? Desnecessário dizer, eu acabei descobrindo.
Eu
logo me senti mais uma vez animado a pregar. Muitas cartas eram para
homens casados como eu, encorajando-os a serem audazes e abrirem
templos. Em anos mais tarde quando eu entrei para a Sociedade em
1974, eu dificilmente sequer ouvia tais coisas. Aquela idéia havia
sido mais ou menos substituída pela ênfase na distribuição de
livros. Prabhupada de fato desencorajava abrir mais templos naquela
época, já que ele estava vendo que os que haviam sidos abertos
estavam sendo mal administrados e os membros estavam indo embora
quase tão rápido quanto haviam vindo. Assim embora eu estivesse
inspirado a abrir um templo, a dificuldade era que eu desejava que
Prabhupada fosse justamente reconhecido no mundo todo, e não apenas
onde eu e mais uns poucos outros “fora-de-casta” da ISKCON
estivessem pregando. Assim, eu decidi que primeiro eu deveria fazer
com que estas reveladoras e vitais cartas estivessem disponíveis a
todos. Então eles poderiam também aumentar seu desejo de apresentar
os ensinamentos de Prabhupada em vez da falsa filosofia destes novos
“gurus”. Naquela época eu havia realizado que estas pessoas são
na verdade a maior fonte de desprazer para Prabhupada, apesar do que
muitos de nós foi levado a acreditar. Em uma carta, Prabhupada de
fato disse que eles não eram os “verdadeiros trabalhadores”.
Assim, em resumo, os
propósitos deste livro são quatro:
1)
Deve
ser revelado ao mundo quem Srila Prabhupada exatamente é, e como ele
não tem absolutamente nada a ver com a atual corrupção entre os
líderes da ISKCON. Esse
tipo de coisa é o que a mídia gosta de publicar, e assim, isso é o
que o povo geralmente pensa ser o verdadeiro movimento Hare Krishna.
Porém, a intenção de Prabhupada era pura. Isto é bastante
evidente quando vemos como ele lidava com as pessoas em seus pontos
fortes e fracos de forma prática no dia-a-dia. Em outras palavras,
ao contrário dos novos “gurus”, ele praticava o que pregava.
Quando isto for percebido, será quase impossível para as pessoas
que não têm verdadeira realização espiritual e pureza “enganar
o público inocente”. Claro, muitas pessoas irão continuar a
associar Srila Prabhupada com estes falsos gurus, mas pelo menos umas
poucas pessoas sinceras na busca serão capazes de entender quem ele
é.
2)
Há uma necessidade urgente de aumentar e mesmo reacender o amor de
seus próprios discípulos por Prabhupada. Em grande parte, eles
deixaram a missão de Prabhupada devido à frustração e
desencorajamento. Estes inescrupulosos novos “gurus” tentam nos
convencer de que a maioria dos discípulos de Prabhupada deixaram a
Sociedade porque eles são todos insinceros, luxuriosos, invejosos,
etc. Eles abertamente afirmam que os únicos verdadeiros discípulos
de Srila Prabhupada são aqueles que aceitam os novos “gurus”
como santos fidedignos. Isto é um disparate. Prabhupada deixou claro
em suas cartas o porquê 99 % dos devotos deixam a Sociedade:
“Líderes revoltantes e com motivações pessoais.” Isso é tudo.
Não há outra razão. Com liderança apropriada qualquer um pode ser
feliz e encontrar refúgio no verdadeiro movimento de Srila
Prabhupada. O verdadeiro movimento é feito para o mundo todo, não
apenas para uns poucos fanáticos religiosos. Mas, primeiro deve
haver líderes de verdade. Infelizmente, porque a maioria de nós é
incapaz de “dar a outra face” indefinidamente, nós não fomos, e
não somos capazes de tolerar constantemente o comportamento destas
pessoas, que está se tornando progressivamente mais e mais satânico.
Elas são a principal causa pela qual os discípulos deixaram a
ISKCON mesmo enquanto Prabhupada estava fisicamente presente, o que
dizer de hoje. Assim, na verdade os fiéis seguidores que têm ficado
na ISKCON todos estes anos suportando estes “gurus” no seu jogo
de imitar um santo são os verdadeiros ofensores ao devoto puro, não
aqueles que simplesmente vão embora completamente desgostados. Todos
os discípulos e seguidores de Srila Prabhupada devem mais uma vez se
sentirem encorajados a assumir a verdadeira missão de Srila
Prabhupada. Nós não devemos deixar que estes falsos gurus nos
desencorajem mais.
3)
Deve-se
fazer um esforço para limpar a ISKCON e remover a influência dos
líderes com motivações pessoais. Em outras palavras, nós devemos
fazer com que os devotos acordem completamente para a política e
duplicidade acontecendo por trás da fachada. A este respeito, alguns
devotos têm nos criticado por assumir esta função de “achar
defeitos” na ISKCON. Alguns destes críticos sem dúvida presumem
que nós somos tão mal-intencionados quanto aqueles a quem estamos
desmascarando. Assim, eles estão dizendo que nós devíamos nos
concentrar apenas no aspecto “positivo”. Eles acham que nós
devíamos apenas propagar sistematicamente os ensinamentos de Srila
Prabhupada e ajudar outros devotos a encontrar serviços, esposas,
comunidades, etc. Já que esta é uma reclamação bastante comum,
nós gostaríamos de explicar porque nós estamos ansiosos para
encontrar e expor tanto as coisas más quanto as boas.
Muitas
pessoas sabem o que são furúnculos. Furúnculos são devido às
impurezas no sangue, e se a ISKCON é vista como o corpo de Srila
Prabhupada, então neste momento Srila Prabhupada está com um caso
sério de envenenamento sanguíneo. Está rapidamente indo para a
cabeça, que é a parte perigosa. Isto pode ser ignorado por algum
tempo, o que a maioria dos devotos têm feito. Porém, no final, este
furúnculo tem que ser confrontado por qualquer um que afirme ser
sério sobre pregar a consciência de Krishna. Um furúnculo não
pode ser simplesmente ignorado. Assim, embora os devotos de Srila
Prabhupada possam estar muito ocupados com suas várias ocupações e
responsabilidades, tanto dentro quanto fora da ISKCON, no final eles
terão que parar tudo e enfrentar este furúnculo. Claro, alguns
devotos estão observando, e alguns estão até mesmo tentando acabar
com o veneno. Porém a verdadeira questão permanece: “Por quanto
tempo podemos ter paciência antes que o corpo morra?” Diariamente
muitas vidas são destruídas. Admito que é extremamente doloroso
abrir um furúnculo, mas ainda assim é preciso fazê-lo, senão a
dor ficará simplesmente insuportável e no final o corpo morrerá de
envenenamento sanguíneo.
Há
dois métodos para remover tal envenenamento sanguíneo. Um é lento
e doloroso, o que a maioria dos devotos têm indiretamente apoiado
desde 1978. Eles querem tolerar toda esta dor na esperança de que
ela irá desaparecer por si mesma. Eles acham que eventualmente o GBC
agirá em conjunto e, de alguma forma, limpará tudo. Essa idéia tem
se mostrado menos e menos prometedora com o passar do tempo, já que
as pessoas que supostamente iriam limpar tudo, ou seja, o GBC, são
os principais ingredientes mantendo o próprio furúnculo. São eles
que precisam ser removidos. Assim a maioria dos devotos agora
concorda que estas anomalias não irão desaparecer pela ação do
GBC; é preciso tomar uma atitude diretamente. Essa atitude começa
com este livro. Este método de abrir o furúnculo e fazer com que o
veneno fique claramente visível é o que mais se aproxima de um
bisturi que fará o trabalho, e esperamos de que não mate o corpo
todo no processo. Pelo menos este livro está suficientemente expondo
o pus para mostrar claramente a urgência. Mas este não será o
final. O trabalho está longe de completo. Agora que o pus está
exposto e escorrendo, nós devemos confrontar a também difícil
tarefa de espremê-lo, removê-lo, e então limpar e curar a ferida.
Esta parte irá levar muito mais tempo e necessitará devotos sérios
para executá-la. Assim, embora este método de abrir um furúnculo
sempre deixe um problema, quando a aflição atinge um ponto de
perigo, este sempre provou ser o único meio. Isso pode não ser
muito agradável para muitos devotos, mas ainda assim alguém terá
que fazê-lo mais cedo ou mais tarde, caso contrário o veneno letal
chamado ambição pessoal irá facilmente “queimar a ISKCON até as
cinzas”. Sabendo disto, nós vemos este desmascaramento como a
única forma de salvar o legado de Srila Prabhupada, que no sentido
absoluto é sua própria vida.
4)
Existe
agora um novo imperativo para inspirar casais a serem audazes e abrir
templos. Este era o desejo de Srila Prabhupada desde o começo. Se
alguém tem quaisquer aspirações neste sentido, então as cartas
neste livro serão muito encorajadoras. Prabhupada escreveu
frequentemente sobre este assunto, especialmente nos anos que
antecederam a conspiração de 1970. Nós incluímos muitas daquelas
cartas aqui. Quando milhares de devotos estão unidos, conquanto
independentemente pregando a mesma mensagem no mundo todo, será
bastante evidente quem de fato está avançando por seu esforço
sincero em pregar, e não por uma “nomeação” inventada. O
movimento da ISKCON nunca se destinou a ser um movimento de neófitos
posando como renunciados, como é o caso atualmente. Uma sociedade de
verdade depende de famílias responsáveis. A taxa de divórcio na
ISKCON deve cair da estimativa de 75% - 90% para um número muito
mais civilizado, antes de que qualquer tentativa de organizar uma
verdadeira sociedade védica aconteça. Portanto, neste livro nós
demos a mesma importância aos assuntos pertinentes à exploração
de mulheres e ao casamento na tentativa de que isso acabe com a alta
taxa de divórcio na ISKCON, que também é causada, primeiramente,
pela interferência desautorizada dos novos "gurus".
Com
estes quatro objetivos em mente, nós extraímos centenas de citações
das cartas, todas destinadas a nos ajudar a entender o que aconteceu
na ISKCON e o quê nós devemos fazer agora para corrigir e dar
continuidade à missão de nosso mestre espiritual. Ler estas cartas
é uma conexão direta à mente de Srila Prabhupada. Ler a mente de
uma pessoa comum não é geralmente muito inspirador, havendo tantos
pensamentos contaminados escondidos lá, mas a mente de Srila
Prabhupada, que é puro, pode apenas nos ajudar a nos tornarmos
puros. Sem dúvida, esta é uma das razões pelas quais Prabhupada
escreveu tantas cartas (7.000 foram recuperadas até agora) em vez de
usar o telefone. Não havia falta de dinheiro, especialmente nos
últimos anos. Seus “grandes, grandes” discípulos usavam o
telefone quase que exclusivamente (muito para o desagrado de Srila
Prabhupada), enquanto que Prabhupada quase sempre escrevia. Ele
deixou para nós sua própria autobiografia, como ela é.
Na
verdade, eu mesmo e todos os devotos que auxiliam neste grande
trabalho estão apenas adicionando combustível – que tornou-se
inexaurível – ao mesmo fogo que começou no dia em que onze
pecadores falsamente declararam ser tão bons quanto Deus. Agora
chegou a hora da frutificação completa deste serviço tão
importante para a Causa Absoluta da missão do Senhor Caitanya
Mahaprabhu. Jaya Srila Prabhupada. Hare Krishna.
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"To do things hastily and incorrectly is not good. Anything valuable takes a little time to come into existence. Therefore there is no harm in waiting for the best thing. But everything is well that ends well: That should be the principle."
Prabhupada Letters :: 1969.
.............................................................................
"Hacer las cosas de afán y mal no es bueno. Algo valioso toma un poco de tiempo para llegar a existir. Por lo tanto no hay daño en esperar lo mejor. Pero si algo va bien termina bien. Ese debe ser el principio".
Cartas de Prabhupada :: 1969.