A Consciência de Kṛṣṇa é Eterna: Por que o Processo Não Pode Ser Modificado
Vivemos em uma época em que tudo é moldado pela conveniência e pelo desejo de adaptação. Até mesmo a espiritualidade tem sido alvo de reformulações constantes — como se os princípios eternos pudessem ser ajustados à mentalidade moderna sem consequências. Mas Śrīla Prabhupāda, o grande ācārya da consciência de Kṛṣṇa no Ocidente, foi categórico:
"A consciência de Kṛṣṇa não é um processo novo. É muito, muito antigo — e padronizado. Ele não pode ser modificado. Assim que você tenta mudá-lo, então a potência se perde.
Essa potência é como a eletricidade. Se você quer gerar eletricidade, deve seguir as normas padrão, organizando corretamente os polos negativos e positivos. Você não pode construir um gerador de forma caprichosa e ainda assim esperar produzir eletricidade.
Da mesma forma, existe um método padrão para se compreender a filosofia da consciência de Kṛṣṇa a partir de autoridades apropriadas. Se seguimos suas instruções, então o processo funcionará.
Infelizmente, uma das doenças perigosas do homem moderno é que todos querem fazer as coisas de acordo com seus próprios caprichos. Ninguém quer seguir o caminho padronizado. Por isso, todos estão fracassando, tanto espiritual quanto materialmente."
Essa afirmação é mais do que uma advertência; é um chamado à sobriedade. A consciência de Kṛṣṇa não é uma filosofia inventada nem uma prática religiosa criada por humanos. Ela é o dharma eterno da alma — sua ocupação natural e constitucional — de servir e amar o Senhor Supremo, Śrī Kṛṣṇa. Desde tempos imemoriais, os grandes sábios e devotos têm seguido esse mesmo caminho, transmitido de mestre a discípulo, ininterruptamente, por meio da sucessão discipular (paramparā).
O que torna esse processo autêntico e eficaz é justamente sua pureza. E a pureza se mantém quando há fidelidade ao método original. Tentar “modernizar” a consciência de Kṛṣṇa, cortando etapas ou introduzindo especulações, é como tentar produzir eletricidade ignorando as leis da física. Como Prabhupāda explica, se os polos negativos e positivos não forem dispostos corretamente, não haverá energia. Da mesma forma, se a prática espiritual não seguir os princípios estabelecidos pelas autoridades genuínas, não haverá potência espiritual real.
Infelizmente, uma das “doenças perigosas” do homem moderno é querer fazer tudo ao seu modo. A arrogância de pensar que se pode melhorar o que é perfeito ou adaptar o que é absoluto tem levado muitos ao fracasso, tanto material quanto espiritualmente. Esse espírito de independência — disfarçado de liberdade — resulta em uma espiritualidade diluída, sem força, sem transformação, sem Kṛṣṇa.
A consciência de Kṛṣṇa só age quando é aplicada com fé e submissão ao processo original. Isso não significa cegueira, mas sim discernimento espiritual. Os śāstras e os ācāryas existem justamente para nos guiar, não para serem ignorados ou ajustados ao nosso gosto. A rendição não é fraqueza — é inteligência. É o reconhecimento de que a alma não pode alcançar a perfeição sozinha, mas apenas por meio da misericórdia do Senhor e de Seus devotos puros.
Se desejamos experimentar a verdadeira transformação, se realmente buscamos sair do ciclo de nascimento e morte, se queremos tocar a eternidade com o coração, precisamos aceitar esse caminho como ele é. O processo é perfeito. O que falta, muitas vezes, é a nossa disposição em segui-lo sem adulterações.
A consciência de Kṛṣṇa é eterna porque vem do mundo espiritual. Ela não precisa ser reformada — precisa ser redescoberta, com humildade e sinceridade. Quando nos rendemos ao processo genuíno, então — e só então — a potência se manifesta, e a alma começa, enfim, a despertar.
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"To do things hastily and incorrectly is not good. Anything valuable takes a little time to come into existence. Therefore there is no harm in waiting for the best thing. But everything is well that ends well: That should be the principle."
Prabhupada Letters :: 1969.
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"Hacer las cosas de afán y mal no es bueno. Algo valioso toma un poco de tiempo para llegar a existir. Por lo tanto no hay daño en esperar lo mejor. Pero si algo va bien termina bien. Ese debe ser el principio".
Cartas de Prabhupada :: 1969.