'A política partidária não é um lugar para um cavalheiro frequentar'.


Política além dos partidos: uma reflexão à luz da consciência de Kṛṣṇa

Por que a política partidária divide e degrada a alma coletiva?

Vivemos numa era onde a democracia se tornou um rótulo, mas não uma realidade. Embora tenhamos "opções", na prática estamos submetidos a um sistema em que partidos, cada vez mais corruptos e egoístas, se alternam no poder, promovendo apenas seus próprios interesses. O cidadão que não se identifica com nenhum deles é obrigado a aceitar passivamente a dominação do partido de turno — mesmo quando há desvio de verbas, manipulação da mídia e total ausência de princípios.

Śrīla Prabhupāda nos adverte sobre isso com clareza:

"A política partidária não é lugar para um cavalheiro frequentar."
(Conversas, 1974)

Essa declaração, aparentemente simples, carrega uma profunda crítica ao modelo de poder que se baseia na dualidade — nós contra eles —, que promove divisão em vez de unidade, interesse pessoal em vez de bem comum.


A verdadeira política é serviço ao Dharma, não à ambição pessoal

Śrīla Prabhupāda sempre ensinou que um líder deve ser acima de tudo um servo:

“O governante deve ser um devoto de Deus, senão como poderá ele governar adequadamente?”
(Śrīmad-Bhāgavatam 1.17.1, significado)

A política, no sentido mais elevado, não é uma luta por cargos, mas uma responsabilidade espiritual: garantir que todos os seres vivam em harmonia com as leis divinas. Quando a política se torna partidária e materialista, ela degenera em tirania, manipulação e degradação moral.

Valores como justiça, saúde, educação, segurança, alimentação e abrigo são direitos dados por Deus — e não propriedade de governos ou partidos. São princípios do Dharma. Quando esses valores são manipulados para benefício de grupos, nasce o sofrimento coletivo.


Kṛṣṇa também atuou politicamente — mas por amor ao mundo

Nos passatempos do Senhor Kṛṣṇa narrados no Mahābhārata e no Bhāgavatam, vemos que Ele atuou como mensageiro, diplomata e estrategista. Mas Sua motivação nunca foi egoísta. Ele agia com base no Dharma, para proteger os piedosos e eliminar os ímpios:

"Para libertar os piedosos, destruir os ímpios e restaurar os princípios da religião, Eu mesmo apareço era após era."
(Bhagavad-gītā 4.8)

Enquanto os líderes mundanos buscam seus próprios interesses, Kṛṣṇa age para o bem de todos. Ele é o exemplo do verdadeiro governante: desapegado, justo, e plenamente consciente da alma.


A ordem cósmica já é um governo perfeito

Na natureza, vemos a justiça divina em ação. O sol brilha para todos, os rios fluem, as plantas crescem, os alimentos são abundantes — tudo sem partidos, sem eleições, sem lobbies.

“A Suprema Personalidade de Deus providenciou tudo: alimentos, luz solar, água, ar. Mas nós somos tão tolos que criamos governos para restringir essas dádivas.”
(Palestra, 12 de abril de 1974, Bombay)

A criação funciona harmoniosamente porque é regida por leis superiores. Quando os seres humanos tentam substituir a ordem divina por esquemas políticos baseados na cobiça e no controle, surgem os desequilíbrios — fome, guerra, desigualdade, opressão.


Partidos políticos: instrumentos do māyā para manter a alma iludida

Por trás das disputas políticas, há um sistema invisível operando: Māyā, a energia ilusória que afasta o ser vivo de seu propósito eterno. Ela se manifesta por meio de ideologias conflitantes que mantêm a mente do homem ocupada com dualidades, ódio, medo e esperança mundana — enquanto sua verdadeira identidade como alma espiritual é esquecida.

"A sociedade moderna está tão ocupada com política, sociologia e economia que negligencia completamente a questão mais importante da vida: o autoconhecimento."
(Introdução ao Bhagavad-gītā Como Ele É)

Assim, o jogo partidário se torna um desvio espiritual — um ciclo de samsāra moderno que prende a alma à matéria e a distancia do serviço devocional.


Conclusão: é tempo de restaurar a política do Dharma

A solução não está na troca de partidos, mas na substituição do egoísmo pelo serviço. Quando líderes forem verdadeiros brāhmaṇas e kṣatriyas conscientes de Kṛṣṇa — e não manipuladores em busca de poder — a sociedade poderá florescer novamente.

“A verdadeira política é a política do bhāgavata — liderar o povo de volta a Deus.”
(Carta de 18 de outubro de 1974)

Cabe a nós, como praticantes de bhakti-yoga, compreender e divulgar essa visão. Que possamos inspirar uma revolução espiritual que transcenda partidos, bandeiras e fronteiras — e nos reconecte com a verdadeira política do coração: o serviço amoroso a Kṛṣṇa e a todos os seres.


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