Hridayananda Goswami: O Guru Que Quase Virou TED Talker
Se a ISKCON fosse uma novela, Hridayananda Dasa Goswami com certeza estaria no centro do roteiro — talvez como aquele personagem que aparece de terno, fala difícil, cita Platão e, no final, deixa todo mundo se perguntando se isso ainda é o movimento de Prabhupāda ou um spin-off acadêmico.
Neste episódio da saga "Gurudevas e Polêmicas", vamos explorar o universo filosófico-pop de um dos gurus mais inusitados da história recente da ISKCON.
Um Guru, Um PhD e Nenhum Tilaka
Vamos começar do começo: Hridayananda, também conhecido como Howard Resnick, é um dos poucos gurus da ISKCON com PhD, fluente em sânscrito, grego, latim, e — aparentemente — também no idioma das conferências da UNESCO.
Mas enquanto Śrīla Prabhupāda passava o recado em inglês simples (e tilaka marcando o ponto), Hridayananda apareceu em vídeos com cabelo cortado, sem tilaka e citando Jean-Paul Sartre. O devoto médio ficou dividido: isso é elevação ou desvio com erudição?
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"Krishna Consciousness Meets Academia" ou "De Volta Para o Gurukula"
Por anos, ele defendeu que a ISKCON deveria dialogar com o meio acadêmico, com intelectuais e até com políticos. Ótimo, né? Em tese, sim. O problema foi quando o discurso virou praticamente um TED Talk: "Krishna no século XXI: Uma abordagem pós-metafísica da deidade interdimensional."
E enquanto isso, lá no templo, os devotos só queriam saber se ele ainda seguia os quatro princípios...
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Yoga Pants, Democracia e Feminismo
Sim, ele foi um dos primeiros sannyasis da ISKCON a defender o empoderamento feminino dentro do movimento. Isso gerou aplausos — e também surtos. Em reuniões do GBC, teve quem quase pediu renúncia só por ele ter dito que mulheres podem ser líderes espirituais e usar leggings (ok, a parte da legging pode ser exagero, mas você entendeu o ponto).
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A Reencarnação do Cupido
Hridayananda também causou espanto ao incentivar o casamento entre devotos. Nada contra casório — mas vindo de um sannyasi, foi no mínimo inusitado.
Ele oferecia conselhos sentimentais, análises psicológicas, e quem sabe até leitura de compatibilidade de mapa astral ("Você é de Kṛta-yuga com ascendente em Kali-yuga... melhor não casar").
Alguns dizem que ele basicamente virou o Tinder da ISKCON. Só que com japa.
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O Blazer Azul e o Dharma da Estética Questionável
A famigerada aula em que ele apareceu de blazer azul marinho sem tilaka virou praticamente um mito moderno. Há relatos de devotos que ficaram tão confusos que foram consultar os livros de Prabhupāda só pra confirmar se aquilo era permitido.
Spoiler: não era.
Mas o GBC disse: “calma, é só uma fase”.
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Apoio do GBC: Tolerância ou Síndrome de Estocolmo?
Apesar das inúmeras controvérsias, Hridayananda continuou sendo aprovado como guru. Teve gente no GBC que tentou barrar. Mas no final, o veredito foi: “ele ainda está dentro dos parâmetros aceitáveis”.
Quais parâmetros? Não sabemos. Talvez “se não está pior que os outros, pode continuar”.
Trechos Memoráveis: Entre o Śrīmad Bhāgavatam e a BBC
Hridayananda nunca teve medo de falar — mesmo quando era melhor não falar. Aqui vão alguns trechos (reais ou praticamente reais) que causaram arrepios nos puristas e surtos nos fóruns online:
“Se Krishna é absoluto, então Ele também é racional.”
“Precisamos parar de repetir Prabhupāda como papagaios e começar a pensar como humanos.”
“A ISKCON precisa de uma reforma iluminada.”
“Freud pode nos ajudar a entender o falso ego.”
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Reações: Entre a Harvard da Alma e o Fogo do Fórum
As reações às ideias de Hridayananda são como prasādam no domingo: variam do êxtase à indigestão espiritual.
Na América Latina:
Alguns discípulos mais novos acham ele “moderno”, “acessível”, e “um verdadeiro filósofo espiritual”. Outros acham que ele é uma cilada disfarçada de blazer.
Na Índia:
Muitos líderes ficaram visivelmente desconfortáveis. Um sannyasi chegou a comentar em off: “Se ele estivesse pregando assim nos anos 70, teria sido expulso em três mantras.”
Nos fóruns online:
Devotos no Reddit e Facebook debatem Hridayananda como se fosse um personagem de anime: “Ele é o anti-herói da ISKCON!” — “Ele é o vilão disfarçado!” — “Ele é apenas um NPC acadêmico!”
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Perguntas Que Ninguém Ousa Fazer (Mas Todo Mundo Já Pensou)
1. Ele ainda é sannyasi mesmo sem usar tilaka, sem robes e citando Nietzsche?
Tecnicamente, sim. Espiritualmente? Só Krishna sabe.
2. O GBC realmente entende o que ele está falando?
Provavelmente não. Mas é melhor parecer tolerante do que começar outra guerra civil devocional.
3. Ele está pregando Krishna Consciência ou criando uma nova religião chamada “Krishnoteca Pós-Moderna”?
Estamos investigando. Até agora, tem Krishna no nome, mas o sabor é meio vegano-filosófico.
4. Prabhupāda aprovaria isso?
Depende de quem você pergunta. Alguns dizem “sim, ele gostava de intelectuais”. Outros dizem “ele mandaria cortar o microfone e oferecer mangala-ārati em silêncio como penitência”.
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Epílogo: O Guru Que Caminha Fora da Trilha (Mas Ainda No GPS)
No fim das contas, Hridayananda é aquele guru que confunde, inspira, incomoda, fascina e faz você questionar tudo — até a definição de “guru”. Talvez ele seja o reflexo de uma ISKCON que está tentando se encontrar no século XXI: perdida entre o dhoti e o diploma, entre o tilaka e o TEDx.
E enquanto isso, nós seguimos por aqui: tentando cantar 16 voltas, sem virar filósofos existenciais — e torcendo pra próxima aula vir com menos Hegel e mais Harināma.
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"To do things hastily and incorrectly is not good. Anything valuable takes a little time to come into existence. Therefore there is no harm in waiting for the best thing. But everything is well that ends well: That should be the principle."
Prabhupada Letters :: 1969.
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"Hacer las cosas de afán y mal no es bueno. Algo valioso toma un poco de tiempo para llegar a existir. Por lo tanto no hay daño en esperar lo mejor. Pero si algo va bien termina bien. Ese debe ser el principio".
Cartas de Prabhupada :: 1969.