Mais perigoso que um demônio?


O que a estupidez tem a ver com espiritualidade (e com a ISKCON)

“Sempre e inevitavelmente subestimamos o número de estúpidos em circulação.”
– Carlo M. Cipolla

A espiritualidade deveria nos conduzir à sabedoria. Mas e quando ela se torna palco para a irracionalidade organizada? O historiador Carlo Cipolla escreveu um ensaio icônico sobre a estupidez humana, com cinco leis provocadoras que, curiosamente, ajudam a entender certos desvios dentro de organizações religiosas — inclusive na ISKCON, a Sociedade Internacional para a Consciência de Krishna.

Vamos analisar essas leis, uma a uma, e ver o que elas revelam sobre os bastidores do poder espiritual.


1. Sempre há mais estupidez do que imaginamos

A primeira lei diz que subestimamos o número de pessoas estúpidas ao nosso redor. Em ambientes religiosos, essa ilusão é ainda mais forte: tendemos a confundir devoção com discernimento. Mas o histórico da ISKCON mostra o contrário — pessoas em cargos elevados tomaram decisões desastrosas que afetaram toda a comunidade.


2. Ser estúpido independe de cargo, inteligência ou espiritualidade

Não importa se a pessoa é um estudioso das escrituras, tem 30 anos de celibato ou está no topo da hierarquia. A estupidez, segundo Cipolla, não escolhe classe, idade nem mérito. Na ISKCON, houve gurus e líderes com vasto conhecimento que, ainda assim, se envolveram em escândalos ou práticas questionáveis.


3. O estúpido destrói... mesmo quando perde com isso

O verdadeiro estúpido, segundo Cipolla, é aquele que causa dano a outros sem ganhar nada em troca — ou até se prejudicando junto. Na ISKCON, nomear líderes espirituais imaturos ou autoritários resultou em cismas, traumas e perdas institucionais. Ninguém venceu. Todos perderam.


4. O silêncio dos inteligentes permite que a estupidez reine

Muitos devotos capazes e conscientes escolheram se calar — por medo, respeito, ou pura exaustão. Essa omissão abriu espaço para a normalização de erros graves. O que poderia ter sido corrigido com diálogo, virou crise institucional. Quando os sábios se omitem, os tolos ganham palco.


5. Um estúpido com autoridade espiritual é um perigo multiplicado

O mais perigoso não é o estúpido comum, mas aquele que ocupa um trono espiritual. Suas decisões viram normas. Sua loucura vira doutrina. E, o pior: questioná-lo parece uma ofensa divina. O resultado? Abusos, fanatismo e desilusão coletiva.


Conclusão: sem crítica, não há proteção espiritual

A espiritualidade precisa de fé, mas também de senso crítico. Carlo Cipolla nos lembra que a estupidez é real, persistente e muitas vezes institucionalizada. A ISKCON — como qualquer movimento — precisa reconhecer suas fragilidades, ou corre o risco de se tornar vítima daquilo que diz combater: a ignorância.


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