“Crise de fé: caso Paramgati expõe rachaduras no sistema de gurus da ISKCON”
Gurudeva, cadê seu sannyāsa? — O curioso caso de Paramgati Swami
Ah, a vida espiritual... Nada como acordar com o som do kartāl, o cheiro do incenso, e aquela leve sensação de estar sendo manipulado emocionalmente por alguém que diz falar com Krishna em tempo integral. Mas calma, respira fundo e repete comigo: “não é ofensa se for verdade documentada”.
Hoje, nosso passeio pelo jardim florido das mahābhāvas vai dar de cara com um espinho bem conhecido: Paramgati Swami, o gurudeva que levou o “amor fraternal” um pouco longe demais — e não exatamente no estilo das passatempos de Krishna com os gopas.
Entre abraços suspeitos, relatos abafados e um histórico que mais parece roteiro de novela mexicana com tilaka, o caso Paramgati virou aquele elefante rosa sentado no Vyāsāsana: todo mundo vê, ninguém fala, e quem ousa tocar no assunto vira... “ofensivo”.
Mas será mesmo ofensa apontar quando o “representante de Deus” parece estar mais interessado em gopīs com barba? Ou será que a verdadeira ofensa é fazer vista grossa enquanto a instituição vai ignorando as próprias diretrizes de Prabhupāda?
Enquanto isso, no templo mais próximo, o clima é de... silêncio constrangedor. Sim, porque quando surgiram as acusações de conduta inapropriada de Paramgati Swami com devotos do sexo masculino, a reação institucional foi mais lenta que um japa no modo soneca. Primeiro negaram, depois minimizaram, e por fim… transferiram o problema. A clássica dança do “não vi, não ouvi, não falei” — só que de dhoṭī e danda.
E a ISKCON, essa entidade mística com mais comitês que devotos sinceros, até criou um “painel de investigação” (ou seja, um grupo de devotos que se reúnem para tomar chá e fingir que algo será feito). O resultado? Paramgati Swami foi "rebaixado" do cargo de guru e sannyāsī — o que, convenhamos, na prática é só mudar o nome do grupo de WhatsApp.
Mas o que realmente espanta não é só o caso em si — é o padrão. A pergunta que fica no ar, mais densa que o guī da festa de domingo: por que tantos desses gurus acabam tropeçando em escândalos sexuais, financeiros ou de ego inflado? Será que estamos confundindo carisma com consciência de Krishna?
E tem mais: em vez de abrir espaço para reflexão honesta, o sistema pune quem pergunta. Devoto com dúvida? Está em māyā. Devoto que questiona o guru? Está cometendo vaiṣṇava aparādha. Devoto que denuncia abuso? Já deve estar sendo influenciado por “forças demoníacas” (ou pior: por ex-devotos no Facebook).
Mas vamos combinar: se alguém se apresenta como “puro representante de Śrīla Prabhupāda” e depois aparece envolvido em acusações sérias de assédio, talvez o problema não seja a dúvida... mas a pose.
No final das contas, o caso de Paramgati Swami não é só um escândalo isolado. Ele é um reflexo incômodo de um sistema onde muitos ainda confundem autoridade espiritual com imunidade moral. Um sistema onde ser “guru” virou, para alguns, mais um cargo de prestígio do que uma posição de sacrifício e pureza.
E aqui vai a cereja no bolo transcendental: Śrīla Prabhupāda nunca autorizou esse tipo de guruísmo personalizado e centralizador. Muito pelo contrário. Ele foi direto ao ponto, como sempre:
> “Gurudeva não é um cargo corporativo ou hereditário. É uma posição espiritual que deve ser conquistada pela qualificação, e não pela nomeação.”
— Śrīla Prabhupāda, carta de 28 de maio de 1977
Ou seja: se o “guru” está mais preocupado com discípulos do que com disciplina, com prestígio do que com pureza, e com controle do que com compaixão... talvez ele seja mais CEO do que sādhu.
Então, devoto ou devota que leu até aqui, fica o convite: questione, investigue, estude as palavras originais de Prabhupāda. A fé cega só serve pra quem quer continuar tropeçando na mesma pedra — mesmo que ela esteja coberta com flores e sentado num trono.
E lembre-se: Krishna não se ofende quando você usa a inteligência que Ele mesmo te deu.
Fim do līlā. Cortina de tulasī. Próximo episódio: quem vai ser o próximo "guru caído" da temporada? Apostas abertas.
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"To do things hastily and incorrectly is not good. Anything valuable takes a little time to come into existence. Therefore there is no harm in waiting for the best thing. But everything is well that ends well: That should be the principle."
Prabhupada Letters :: 1969.
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"Hacer las cosas de afán y mal no es bueno. Algo valioso toma un poco de tiempo para llegar a existir. Por lo tanto no hay daño en esperar lo mejor. Pero si algo va bien termina bien. Ese debe ser el principio".
Cartas de Prabhupada :: 1969.