A Carta de 9 de Julho de 1977: O Documento Central da Questão Ṛtvika
Entre os muitos documentos e gravações deixados por Śrīla Prabhupāda, um deles se destaca com clareza, simplicidade e autoridade formal:
a carta datada de 9 de julho de 1977.
Para os devotos que defendem o sistema ṛtvika, essa carta representa a instrução final e conclusiva de Śrīla Prabhupāda sobre o sistema de iniciações na ISKCON. Neste post, vamos entender seu conteúdo, seu contexto e por que ela se tornou o ponto de apoio central do argumento ṛtvika.
O Contexto da Carta
No início de julho de 1977, Śrīla Prabhupāda estava em Vṛndāvana, fisicamente debilitado, mas ainda guiando a sociedade com clareza.
Diversas perguntas estavam sendo feitas por líderes da ISKCON sobre como continuar as iniciações, já que Prabhupāda não podia mais viajar ou conduzi-las pessoalmente.
Em resposta, ele instruiu diretamente seu secretário, Tamāla Kṛṣṇa Gosvāmī, a redigir uma carta formal, endereçada a “Todos os Templos Presidentes de Templos” e “Todos os GBCs”.
O Conteúdo da Carta
A carta de 9 de julho foi assinada por Tamāla Kṛṣṇa Gosvāmī “por ordem de Śrīla Prabhupāda” e diz o seguinte:
- Que Prabhupāda nomeou onze devotos como representantes que dariam iniciações em seu nome.
- Que eles dariam os nomes espirituais aos novos discípulos.
- Que os novos iniciados seriam discípulos de Śrīla Prabhupāda, e não desses representantes.
- Que outros representantes poderiam ser adicionados posteriormente, conforme necessário.
O trecho mais claro diz:
“Os devotos recomendados devem ser aceitos como discípulos iniciados de Śrīla Prabhupāda. O nome espiritual será enviado por esses representantes que estão sendo designados abaixo.”
O Peso da Carta: Instrução Temporária ou Final?
Aqui está o ponto crucial:
A carta nunca foi revogada, modificada ou substituída por nenhuma outra instrução oficial de Śrīla Prabhupāda — nem por escrito, nem gravada.
Ela foi enviada a todos os templos, teve uma linguagem clara e direta, e estabeleceu um procedimento funcional para que as iniciações continuassem centralizadas em Prabhupāda, com representantes designados apenas para facilitar o processo prático.
Os proponentes ṛtvika defendem que:
- Essa carta foi a última e definitiva política de iniciações estabelecida por Prabhupāda.
- A instrução não inclui nenhuma cláusula temporária.
- A prática descrita deve continuar mesmo após sua partida física.
A Contestação Institucional
A GBC, por outro lado, argumenta que:
- A carta foi apenas um arranjo provisório, enquanto Prabhupāda estava doente.
- Após sua partida, o papel dos ṛtviks deveria naturalmente se transformar em gurus plenos.
- Há conversas (algumas controversas) que sugerem que Prabhupāda esperava que discípulos se tornassem dikṣā-gurus no futuro.
Porém, essas alegações nunca foram formalizadas em documento com o mesmo peso, clareza ou abrangência da carta de 9 de julho.
Por Que Isso Ainda É Relevante?
Se a carta de 9 de julho foi, de fato, a última ordem prática e formal sobre iniciações, então ignorá-la ou reinterpretá-la sem respaldo direto de Prabhupāda põe em risco a integridade da sucessão discipular na ISKCON.
Por outro lado, aceitá-la tal como está implicaria reconhecer que:
- Todos os discípulos iniciados após 1977 deveriam ser considerados discípulos de Śrīla Prabhupāda.
- O atual sistema de gurus autônomos instituído após 1978 não foi diretamente autorizado.
A carta de 9 de julho de 1977 pode parecer apenas uma instrução administrativa,
mas para muitos devotos representa a vontade clara e deliberada do ācārya fundador da ISKCON.
O debate não se resolve com opiniões pessoais, mas com estudo, honestidade e desejo sincero de compreender a verdade.
Afinal, seguir as instruções do mestre espiritual tal como ele as deu é a chave para o sucesso espiritual — e desviar dessas instruções pode ter consequências graves para a missão que ele estabeleceu com tanto sacrifício.
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"To do things hastily and incorrectly is not good. Anything valuable takes a little time to come into existence. Therefore there is no harm in waiting for the best thing. But everything is well that ends well: That should be the principle."
Prabhupada Letters :: 1969.
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"Hacer las cosas de afán y mal no es bueno. Algo valioso toma un poco de tiempo para llegar a existir. Por lo tanto no hay daño en esperar lo mejor. Pero si algo va bien termina bien. Ese debe ser el principio".
Cartas de Prabhupada :: 1969.